esta terceira parte será preenchida com uma das maiores experiências da
minha vida. o festival boom. bienal. em idanha-a-nova. herdade da granja – não
será fácil descrever esta minha participação no boom. para ser honesto nem sei
bem por onde começar. mas vou com coragem. vou com tudo – o que é o boom? bem.
o boom é muito mais do que música. arte e cultura: é uma experiência
internacional. um evento de carácter único e transformador. celebrado como um
dos maiores e mais originais da europa – centrado na trance psicadélica goa.
acabou por evoluir para um festival multidisciplinar que abraça música
eletrónica. artes visuais. performances. workshops. conferências. cinema.
manifestações culturais diversas. meditação e práticas espirituais. oferecendo
uma experiência holística e sensorial – a organização do boom não aceita
patrocínios. talvez por isso seja tão pouco divulgado nos nossos canais de
informação – todos sabemos que as companhias de telecomunicações. todas juntas.
faturaram no último verão mais de sessenta milhões de euros. estamos a falar de
um negócio muito lucrativo. e obviamente. com o seu ramo poderosíssimo junto
das estações de TV. tudo fazem para não ser divulgado. e quando é. acaba quase
sempre por ser por motivos pouco nobres – o boom promove a consciência
ambiental. a sustentabilidade. a multiculturalidade. a espiritualidade. a
liberdade. e a diversidade artística – eu. no meu trabalho estou ligado ao
ambiente. e sinceramente. fiquei muito satisfeito com o seu compromisso
ecológico: energia solar. energia eólica. sanitas ecológicas. reciclagem.
tratamento de águas. tudo está pensado em favor da natureza – o boom reuniu
participantes de 220 países. sendo os festivaleiros estrangeiros a grande
maioria. cerca de 85%. com diferentes faixas etárias. famílias. crianças. todos
em harmonia. como se o tempo nestes oito dias parasse de existir – junta mais
de cem mil pessoas. os bilhetes esgotam rapidamente. mas podia ter o dobro ou o
triplo de participantes. não o permitem apenas porque. no seu entender. o espaço.
225 hectares de terra deserta. apenas ocupada pela natureza. seria seriamente
afetada pelo excesso de gente – pode chegar ao boom apenas com um cobertor.
acampar. ou se preferir estar mais cómodo chegar de caravana. e não se preocupe
com comida. há tendas com todo o tipo de pratos. de todas as partes do mundo. e
se for vegan ou vegetariano. também encontra – se entender criar as suas
próprias refeições. há também um supermercado para o ajudar e locais próprios
para cozinhar – vidro e fogões de campismo a gás são proibidos – há um hospital
de campanha. com primeiros socorros em permanência. médicos e enfermeiros vinte
e quatro horas por dia. e uma tenda especial para testar drogas. a prioridade é
a sua segurança. saber o que consome é fundamental para que a sua experiência
seja uma boa recordação – o boom é um universo vivo de cultura e partilha. onde
cada experiência abre caminhos de transformação interior. no qual os laços
humanos se entrelaçam e a terra é celebrada com consciência – o boom acontece
sempre no final de julho ou início de agosto. durante a lua cheia. com o luar a
servir de holofote. junto a um lago refletido no deserto da beira baixa. a dar
brilho aos corpos em transe. como se o céu descesse para dançar – os bilhetes
geralmente são postos à venda no fim do ano que precede o festival. e a
sugestão que deixo. é se quiser participar neste grande evento. incluído entre
os dez melhores festivais do mundo. e considerado o melhor da europa. esteja
atento. e corra. pode mesmo assim não chegar a tempo – o boom não é apenas um
festival a que se vai. é um lugar dentro de nós a que se regressa sempre – mas
por mais que se fale do boom. nada se compara a estar lá – e é isso que vou
partilhar a seguir. mostrar-vos que o boom é uma arca de noé erguida sob a lua
cheia. onde as pessoas se encontram consigo mesmas: para dançar. meditar e
contemplar a diversidade do mundo e. por fim. para acolher cada uma dessas
partes como sua. sem preconceito. sem temor. sem medo do amanhã e das suas
diferenças
 
 
Sem comentários:
Enviar um comentário