.................................................................................não tirem o vento às gaivotas

02/09/2010

putas de palavras









hoje. no resto do sol que ainda falta consumir vou descalçar um sapato. apenas um sapato – caminharei por um desejo que tenho em mente – mancarei – para nunca mais esquecer esta vontade de ter o que nunca vou ter – mas a puta da vida saberá que até a mancar saberei caminhar – sou doido varrido – este que escreve é doido. mas escreve – escreve uma merda qualquer. loucura. dizem as palavras que moribundas caem no papel – algumas tombam mortas de tanto gemerem dentro de mim – não me peçam piedade. não me peçam uma nova oportunidade – vocês. as nobres. as que dizem sempre tudo. já subiram para todos os papéis que fui capaz de escrever – até aquele muro. o da minha vergonha. tem palavras que nunca me quiseram receber – putas. não vos perdoarei – se para mais nada servem. morrereis. não às minhas mãos. sereis espetadas pelo crayon deste lápis que acabei de afiar – no fim. restará apenas a aguça que fez da minha ferramenta a lança que vos trespassou – eu. louco sem saber porque. meterei a mão. afiando-a cada vez mais – ficará tão fina que quebrará com as primeiras geadas de inverno.



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