.................................................................................não tirem o vento às gaivotas

25/01/2019

a tenda II


ricardo paula



e a tenda enche-se de gente emocionada. olhos no ar. e os corpos rodopiam num desafio constante à gravidade – elas voam de baloiço em baloiço. sem rede. e um sorriso. e outro. e entre as pernas afogueadas insinua-se o calor de um humano escuro como breu – o amor ao circo permite tudo – e o chicote estala enquanto os leões rosnam em cio comprado numa loja de bugigangas orientais – as leoas retocam os lábios. prometendo-lhes afagos e segredos que os tornam reis numa selva de manjericão – e o mágico faz desaparecer tudo quanto seja amor. e da cartola sai mais uma ereção para o público gritar em delírio: sexo. sexo. sexo – as palmas já não bastam – é o vício – é o jogo das cadeiras a circular e corre o leão. segue-se o elefante. atrás. o jacaré. depois o hipopótamo e a formiga sem lugar para se sentar – é o circo da vida – e o que é fogo que não arde é agora uma labareda – a estrada da noite é longa e o desatino torna-se alegria dentro de uma caixa de viagra – o circo sempre em movimento. de cidade em cidade. de alma em alma. de controle em controle ninguém quer parar a ilusão – brevemente numa casa de ejaculações perto de si 



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