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num momento de fraqueza da minha fé resolvi recriar
o meu mundo espiritual com uma numa nova ordem celestial
deus.
após rezar o angelus com o papa e os fiéis presentes na praça são pedro. dirigiu-se a todos seus súbitos
desejando-lhes um feliz ano novo – de seguida. em tom informal. reuniu
com os seus representantes na terra para lhes transmitir a resolução do seu
último concílio
-- dada a impossibilidade absoluta de
continuar a prestar o meu trabalho espiritual no planeta terra: promover a espiritualidade. a prosperidade e a justiça divina. quero informar-vos que me retirarei
definitivamente da vida dos humanos – saio
sem mágoas e com a certeza de que tudo o que estava ao meu alcance foi feito –
até deus tem limites que não pode ultrapassar – claro que ninguém
melhor do que eu sabe que o homem é um ser complexo. fui eu que o criei com razão.
com emoção e com espírito – toda esta complexidade tinha como objetivo o seu
desenvolvimento sustentado numa espiritualidade esclarecida e na busca permanente
da verdadeira felicidade: a misericórdia
e a pureza no coração – ao longo de
todos estes milénios não houve um único dia em que não seguisse a evolução
interior e exterior do homem. acreditem
que nunca foi fácil. mas eu sabia que não seria – a ambição humana
nunca me facilitou a vida – no entanto. sempre
acreditei na vitória do bem sobre o lado escuro do homem e também sempre
acreditei que o erro ou o pecado seria sempre a verdadeira motivação para a sua
renovação – aprender com os seus
próprios erros e perceber a necessidade de se recriar diariamente com novos desafios
para uma religiosidade assente na bondade e no perdão. tolerância nas relações humanas. proteção aos mais vulneráveis e promovendo a sua integração e
adaptabilidade às novas e exigentes complexidades do mundo contemporâneo – infelizmente nada disso aconteceu. o homem multiplicou por mil as razões
para pecar: mais egoísmos. mais ódio. inveja. ciúme. mágoa e tristeza. a estrutura familiar desmoronou-se. as novas tecnologias danificaram o tempo. as igrejas esvaziaram-se de fé. o consumismo selvagem promoveu o egocentrismo e multiplicou as desigualdades
entre ricos e pobres. a fome descontrolou-se. as guerras intensificaram-se. as alterações climáticas ameaçam o apocalipse e outras tantas malignidades
que recaem quase sempre sobre os mais fracos e debilitados: crianças e idosos – o homem dos nossos dias. para além da pobreza material.
está infetado pela pobreza espiritual – em suma. habitamos um mundo caótico e em degradação acelerada onde a minha
omnipresença é constantemente colocada em causa – confesso-vos com humildade que
a desordem também já se instalou em mim.
a sustentável leveza do meu ser foi contaminada e infetada gravemente e infelizmente não vislumbro solução capaz
de reverter esta desordem agoniante – criei uma máquina à qual perdi o controle
– estou no fim. desiludido.
cansado. mas com a consciência em
paz. tudo fiz em prol deste planeta
e dos seus seres vivos – chegou a hora de dar descanso ao corpo. é hora de entregar definitivamente o
destino da terra nas mãos dos seus colonizadores – deliberei então que os humanos. sem exceção. ficarão livres do pecado como fator decisório para entrar no
paraíso – assim. informo que a
partir das vinte e quatro horas do dia de hoje o pecado será definitivamente
despenalizado – é com amargura que vos comunico que me retirarei
definitivamente para o céu e comigo levarei todos os anjos. santos. arcanjos e
querubins. reconhecendo com
humildade a vitória do pecado sobre a rendição – e agora que a nova palavra de
deus parta por esse mundo fora a anunciar a boa nova: nasceu um mundo novo.
o mundo sem pecado – sejam feliz e deixem voar os pecados da mesma forma que
voam as gaivotas
nota final: sem pecado não quer dizer sem valores
éticos e morais – vivam em consciência e iluminem a vossa vida com abraços
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