.................................................................................não tirem o vento às gaivotas

18/01/2019

uma sexta-feira de 2019





escultura - ron muek


doutrina kantiana
com a idade aproximei-me da teoria moral de kant. as regras morais são agora. mais do que nunca. imperativos categóricos – incluí nestas regras morais a mentira – confesso que. ultimamente. não suporto gente mentirosa – na maior parte das vezes tudo começa com um sorriso impostor. não satisfeitos iniciam o carregamento da burra com elogios despropositados. mentirosos. burlões – na parte final. como o discurso não é sustentado pela verdade. tudo termina com meia dúzia de desculpas esfarrapadas – se respeitassem a doutrina de kant saberiam que agir com moralidade significa agir de acordo com o dever. mesmo que as consequências não sejam positivas – e nem era preciso muito para fazer cumprir esta doutrina: 1º. não rir sem propósito quando nos encontramos com alguém que não apreciamos. não é obrigatório receber ninguém com um sorriso de orelha a orelha – 2º. não elogiar sem uma qualidade ou virtude objetiva. o elogio é sempre uma resposta excecional para um comportamento extraordinário – 3º. por último. não se despeçam com festas e mordomias excessivas emolduradas em promessas que todos sabem não se cumprirem. basta um até sempre e ficavam livres do constrangimento de uma desculpa pindérica – a mentira só existe para enganar. para magoar. atraiçoar. iludir ou mesmo burlar – quem mente não tem ética e age sempre em base de algum interesse – a mentira foi inventada para ferir infindavelmente por não ter reparação – quando perdes um[a] amigo[a] por uma ilusão mentirosa é fácil reparar o estrago. basta procurar uma outra razão para te iludires e o que está para trás logo esquece – quando és burlado chamas uns quantos impropérios ao burlão e interrogas-te como foste capaz de cair naquela palermice. aprendes com o erro. deitas tudo para trás das costas e juras que não voltarás a cair noutra esparrela – quando és atraiçoado a dor ao princípio pode ser cruel. mas aos poucos. percebes que a cura depende apenas de ti e partes ao encontro de um novo sentido para a vida – a mentira é diferente. quando te mentem é para sempre. não consegues perdoar porque nunca a conseguiste compreender e interrogas-te o que fizeste para a merecer – na maior parte das vezes nada fizeste para além de falares com frontalidade. com verdade. e às vezes. sim. também com crueldade – detesto a mentira. detesto sorrisos mentirosos e detesto ainda mais as mentiras trajadas com pele de cordeiro – vivemos tempos novos. as mentiras e as aldrabices são feitas com um simples batimento de uma tecla do teclado – os perigos ainda estão em fase de enumeração e catalogação. mas. já é certo que há gente doente. mais ou menos perigosa. alimentando dentro de si novas estirpes de psicose. onde a mentira deixou de pertencer exclusivamente ao roto. trajou-se de um chique delirante e passou a uma verdade absoluta lunática nem o mentiroso sabe que está a mentir. contaminado pelo vírus da excentricidade passou a ver o mundo todo de pernas para o ar e o único que está de pé é ele. perdeu o completo contacto com a realidade – são tempos difíceis. onde cada um quer exibir nele o melhor dos outros: o melhor marido. o melhor ego. o melhor sorriso. o melhor passado. o melhor pensamento. o melhor amigo. o melhor par de sapatos. o melhor filho.  e tudo que pode ser feito com um simples bater de uma tecla e o que não consegue ter a teclar é porque entendeu ser o melhor para tia. para o cão. o gato. o padre e o sacristão – estou farto de gente mentirosa. estou farto de gente gananciosa. estou farto de burlões – é altura de “agir apenas segundo uma regra pela qual possas ao mesmo tempo querer que se torne uma lei universal” – não contem com a minha boca fechada. continuarei a falar como sempre. com a minha verdade. doía ela o que doer



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