escultura - ron muek
doutrina kantiana
com
a idade aproximei-me da teoria moral de kant. as regras morais são agora. mais do que nunca. imperativos categóricos – incluí nestas regras morais a mentira –
confesso que. ultimamente. não suporto gente mentirosa – na
maior parte das vezes tudo começa com um sorriso impostor. não satisfeitos iniciam o carregamento da burra com elogios
despropositados. mentirosos. burlões – na parte final. como o discurso não é sustentado pela
verdade. tudo termina com meia dúzia
de desculpas esfarrapadas – se respeitassem a doutrina de kant saberiam que
agir com moralidade significa agir de acordo com o dever. mesmo que as consequências não sejam positivas – e nem era
preciso muito para fazer cumprir esta doutrina: 1º. não rir sem propósito quando nos encontramos com alguém que
não apreciamos. não é obrigatório
receber ninguém com um sorriso de orelha a orelha – 2º. não elogiar sem uma qualidade ou virtude objetiva. o elogio é sempre uma resposta
excecional para um comportamento extraordinário – 3º. por último. não se despeçam com festas e mordomias
excessivas emolduradas em promessas que todos sabem não se cumprirem. basta um até sempre e ficavam livres
do constrangimento de uma desculpa pindérica – a mentira só existe para enganar. para magoar. atraiçoar. iludir ou
mesmo burlar – quem mente não tem ética e age sempre em base de algum interesse
– a mentira foi inventada para ferir infindavelmente por não ter reparação –
quando perdes um[a] amigo[a] por uma ilusão mentirosa é fácil reparar o estrago. basta procurar uma outra razão para
te iludires e o que está para trás logo esquece – quando és burlado chamas uns
quantos impropérios ao burlão e interrogas-te como foste capaz de cair naquela
palermice. aprendes com o erro. deitas tudo para trás das costas e
juras que não voltarás a cair noutra esparrela – quando és atraiçoado a dor ao
princípio pode ser cruel. mas aos poucos. percebes que a cura depende apenas de
ti e partes ao encontro de um novo sentido para a vida – a mentira é diferente. quando te mentem é para sempre. não consegues perdoar porque nunca a
conseguiste compreender e interrogas-te o que fizeste para a merecer – na maior
parte das vezes nada fizeste para além de falares com frontalidade. com verdade. e às vezes. sim. também com crueldade – detesto a
mentira. detesto sorrisos mentirosos
e detesto ainda mais as mentiras trajadas com pele de cordeiro – vivemos tempos
novos. as mentiras e as aldrabices
são feitas com um simples batimento de uma tecla do teclado – os perigos ainda
estão em fase de enumeração e catalogação.
mas. já é certo que há gente doente. mais ou menos perigosa. alimentando
dentro de si novas estirpes de psicose. onde
a mentira deixou de pertencer exclusivamente ao roto. trajou-se de um chique delirante e passou a uma verdade absoluta
lunática – nem o mentiroso sabe que está a mentir. contaminado pelo vírus da excentricidade passou a ver o mundo
todo de pernas para o ar e o único que está de pé é ele. perdeu o completo contacto com a realidade – são tempos difíceis. onde cada um quer exibir nele o
melhor dos outros: o melhor marido. o melhor ego. o melhor sorriso. o
melhor passado. o melhor pensamento. o melhor amigo. o melhor par de sapatos.
o melhor filho. e tudo que pode ser feito com um simples bater
de uma tecla e o que não consegue ter a teclar é porque entendeu ser o melhor
para tia. para o cão. o gato. o padre e o sacristão – estou farto de gente mentirosa. estou farto de gente gananciosa. estou farto de burlões – é altura de
“agir apenas segundo uma regra pela qual possas ao mesmo tempo querer que se
torne uma lei universal” – não contem com a minha boca fechada. continuarei a
falar como sempre. com a minha
verdade. doía ela o que doer
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