.................................................................................não tirem o vento às gaivotas

05/07/2010

infinita sabedoria









abri uma janela que sempre esteve aberta – fechei uma porta que sempre esteve fechada – matei uma galinha preta que sempre foi vermelha – ouvi música forró que afinal sempre foi fado – falei com um canário que era cão – desenhei um céu azul que sempre foi cinzento – contei asteriscos dentro de uma saca de feijões – meti um peixe a andar de bicicleta – tornei todas as mulheres lésbicas às quartas-feiras. necessitava de descansar – inventei um touro sem cornos. e no seu lugar plantei repolhos franceses – cortei um carvalho que já estava cortado há muitos invernos. era a lenha que me aquecia em noites de solidão – esta dualidade é inversamente proporcional à minha sanidade – oculta um pseudo-escritor. trazendo à escrita um louco que existe dentro de um bolso que guardo em mim. tem um lápis feito de passas do algarve e o corpo revestido de penas. um dia terei asas. e voarei ao lado de todos os loucos que gostam de escrever a loucura de todas as palavras – são estas putas que de noite me fazem pensar que um dia serei eu também capaz de inventar uma metáfora assassina – nesse dia. mato todos os advérbios de tempo. mandarei uma corda ao eixo da terra. e com um ponto de apoio erguerei o meu ego para o topo de uma pilha de livros – depois. com asas de cera. mergulharei na infinita sabedoria



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