.................................................................................não tirem o vento às gaivotas

27/06/2010

centrifugação









é sábado e as gaivotas perfilam-se para lá do meu horizonte. talvez queiram outro mar. talvez outro universo. talvez tenham deixado de acreditar neste mundo cónico. talvez estejam cansadas de me ouvir. talvez… talvez … – hoje só tenho uma pequena janela para deixar cair a alma ao vento – nem alta está. está presa a uma torre de sonhos que rasteja por um chão que todos os dias me engole para alimentar os seus vulcões – é sábado. quero encontrar um vento de feição. um vento que leve esta alma de navegador de sonhos para lá desta conflitualidade de homens que não me querem assim: nu por ser sábado. nu por tentar descansar. nu porque não tenho mais nada para escrever com roupa – quero encontrar também eu um mar com ventos em remoinho. quero poder subir em espiral até ao topo. centrifugar. agregar cada parte diferente dos meus eus e acreditar que nesta mistura de novos átomos possa nascer o sonho que deixou de o ser – a realidade – esta. de tão imaginada será devota a esta nova oportunidade – qual fantasma de ópera. sou agora largado ao mundo das gaivotas. e de uma pena manchada de branco pelo sal do mar. sou agora uma nova aberração. sou o homem-pássaro. livre da dor – sei que voarei apenas um dia e que pelo próprio vento tombarei – não tenho asas que me levem para lá da nuvem que encerra o meu sonho. sei que capitularei. o peso dos meus sonhos sempre me arrastará para uma terra que nunca senti como minha – mas não tive esta dor maldita. mesmo que tenha sido apenas num dia de voo ao vento sul. fui livre. como neste texto



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