.................................................................................não tirem o vento às gaivotas

27/06/2010

a morte de quem morre às mãos de uma morte viva - I





 




a morte é sempre uma porta de recurso para os desesperados – sinto muitas vezes que não a tenho como inimiga. pelo contrário. muitas vezes é esta que traz novamente para dentro de mim uma vida que custa a suportar – agrilhoar a morte e descer nas suas crenças é a única atitude de alívio. excogitar o seu interior é perceber o caos que existe no exterior. posso então rir das bestas que pensam que parti acorrentado num palavrão de um qualquer portuga – saio muitas vezes fodido. encaralhado. “putizado” e tudo terminado em “filhos de uma putana” mas é neste horror colorido que me penduro nas mortes que encontro dentro de mim – todos os dias encontro um pedaço de mim sem vida. mas sempre que tenho necessidade desse pedaço morto faço-o renascer às garras da besta que me devorou a vontade de viver – arrependido vivo todos os dias. arrependo-me das mãos mortas e fico sem saber se morreram por opção ou foram assassinadas pela dor que nasceu para sempre dentro de mim – mesmo assim é nestas que deposito a esperança para descrever as mortes que todos os dias experiencio – as mortes também renascem dentro de mim. em dias de sol negro. sobrevivem como os insectos. às vezes em menos de um dia. partem para mais tarde parir outras mortes. sempre diferentes. sempre iguais. como todas as coisas diferentes deste mundo – eu também me sinto diferente.



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