.................................................................................não tirem o vento às gaivotas

17/06/2010

rui veloso - saiu para a rua [adaptação]









hoje estou sem inspiração. estou completamente out – liguei a música. procurei na discoteca empacotada do meu pc um ritmo que fosse capaz de me tirar desta roda de inércia mutiladora – a tristeza está a dar comigo em doido. talvez muito mais doido. doido varrido já todos as pastas de arquivos do meu computador dizem que sou – bem. adiante. na procura encontrei rui veloso. estava com ar de quem também não lhe tinha corrido bem o dia – fodido por já não ter paciência para aturar estes merdas que se julgam importantes. amarrei numa música e saí para a rua – vesti uma saia casaco escuro e uma carteira castanha. saí sem direcção. decidida a dar uma trepas cheias de loucura – deixei para trás os preconceitos e imaginei afinal tudo aquilo que ainda não tinha conquistado. um homem enorme. com um aparelho reprodutor também enorme. depois vinham os olhos azuis. cabelos loiros e as mãos finas de manipulador de corações – um às na cama. um fodilhão – parei no teatro chile. coloquei um pouco de batom e um leve toque de pintura e mesmo insegura parti pelas ruas. – cansada de andar e nada se passar tirei um passador e devolvi ao rosto a luxúria – foram muitos anos sem sentir nada – continuei a caminhar e a noite quente atiçou-me a humidade guardada no meio da insegurança – sorriu-me um homem. parece pelo tesão que lhe vi. também não é importante. toda a humidade quente da loucura acabou como tesão – afinal era tão fácil de resolver. todos estes afrontamentos tinham solução. tantos anos tantas noites – entrei na pensão estrela. frequentada por gente que procura acabar com as fantasias. merquei um quarto com vista para a rua por quatro horas. insegura. com tremores. deixo-me sucumbir aos braços daquele desconhecido

hoje. tenho uma pasta no ambiente de trabalho com o nome de – o desconhecido que afinal era conhecido – parece que estou in – fez-me bem ouvir o passado

p.s. o homem desconhecido sou eu [já ontem tinha baixado as calças num texto – não é por nada. mas não quero dúvidas]




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