.................................................................................não tirem o vento às gaivotas

17/06/2010

vomitados da vida









os cavalos passam por mim em galopes oscilantes. parecem cansados. trazem nos freios os travões de uma vida - pelos dentes caiem-lhes pedaços de raiva. talvez porque ainda puxem o passado - penduradas nas orelhas correm as conversas da velha - agora que declara o ardor que em tempos não foi capaz de dar – o feno doirado alisado pelo vento. que se dizia de sul. é hoje fardos de palha para a puta da cama que um dia não me aconchegou à vida – ainda te gosto. mas estás muito gasta. como eu. como os cavalos. como as orelhas furadas de tantas vezes emprenharem – és agora existência desvirginada. mesmo cansado sei-o – doido varrido? agora não! – talvez apenas tempo avelhentado – sei que. para além da raiva que vês cair. por dentro goteja sangue – é neste que submerjo as palavras que escrevo. é na cor do vomitado que a obra do diabo dará corpo ao meu sentir. invoquei satanás há algum tempo. agora estou vendido – és agora a velha vida. gasta pela própria vida – gastos pela mesma vida.
adeus. adeus.
adeus.
adeus – sente essa sela sozinha onde ainda cavalgam os teus desejos sórdidos. serve-te da agonia nascida no teu ventre. és vida parida em desejos impuros – estou noutra dimensão. de ti VIDA. já tirei a minha própria vida.



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