é espermatozóide.
é embrião.
é nado-vivo.
é menino.
é moço.
é senhor.
é pai.
é avô.
é cadáver.
é. é isso mesmo. é uma merda este tempo que se apaga – o que fiz para não terminar em vão? diz-me tu ego de merda. iludiste-me e agora não tens um único travesseiro onde possas morrer dos sonhos que um dia imaginaste serem teus – não me venhas com experiências. ensaios. não me digas que isto foi apenas um teatro. um jogo de marionetes. onde eu segurei a corda que encerra a cena do homem que morreu a agoniar nos seus dotes – não. não permitirei que me leves assim. tu prometeste que se eu estudasse ia ser feliz. se não dissesse palavrões ia para o céu. e se me portasse bem um deus qualquer. em cima de um cavalo com asas brancas. deixaria cair a meus pés todos os meus desejos. vestia-me de desejo realizado – não posso mais. estou arrasado por uma dor que nasceu dentro de um espermatozóide maluco – esse dia. nem era dia de amor. estávamos apenas a brincar às casinhas. tu eras o médico e eu estava doente e dizias-me com os olhos em brilho que tudo se resolveria com um beijo. judas. vendeste a minha vida por trinta moedas a um monte de palavras que nem ideias fazem – são loucas. não poderiam ser diferentes. nasceram de um espermatozóide maluco.
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