.................................................................................não tirem o vento às gaivotas

17/06/2010

morte para além da vida - poesia









desce a ex-vida.
desce.
desce.
desce.
descem lágrimas.
sobem lembranças.
descem as despedidas.
sobem as saudades.
descem os amuos.
sobem as virtudes.
descem as fraquezas.
sobem as forças.
todos os que partem são bons.
apenas a mentira prevalece incólume.
desce.
desce.
desce.
descem sons aflitos.
no buraco o silêncio é eterno.
dentro da urna a revolta.
reviro-me.
reviro-me.
reviro-me.
ouço para além de um qualquer muro.
é barulho interior dos que me choram.
abafado pela terra imunda que calcam.
grito.
grito.
grito.
cai a primeira pá de terra.
outra.
outra.
outra.
o buraco está meio cheio. meio vazio.
as flores perfilam-se nas mãos da multidão.
serão estas que enfeitarão a memória.


quero ser cremado.
não suporto mais terra.


o fogo mata todos os vermes.



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